Panorama da Federação Varejista do RS destaca representatividade do setor
O comércio gaúcho lidera a retomada consistente da economia do Estado no pós-tragédia. É o que apontam os dados do Panorama do Comércio RS de setembro, organizado pela Federação Varejista do RS, que avalia os dados da economia do Rio Grande do Sul em julho deste ano (dois meses depois das cheias). Setores do varejo como o de materiais para escritórios (20,2%), móveis e eletrodomésticos (12,1%) e materiais de construção (4%), que indicam justamente a reconstrução das cidades gaúchas, apresentaram variações percentuais maiores do que no mês anterior, quando foi percebida a reação no varejo.
No acumulado do ano, o comércio varejista do Rio Grande do Sul até julho apresentou alta de 7,7% em relação ao mesmo período do ano passado. E no varejo ampliado, que considera os setores específicos do comércio, a alta acumulada é de 7,3%. Em ambas as avaliações, o crescimento gaúcho é superior ao nacional.
Em julho, setores de hipermercados e supermercados (13,4%) e de atacadistas de alimentação e bebidas (12,5%), que vêm mantendo variações percentuais elevadas desde o início do ano no Rio Grande do Sul, em julho, chegaram ao dobro da variação percentual do Brasil. Merece destaque neste mês do Panorama também a entrada dos artigos médicos e farmacêuticos (10,7%) entre os principais itens de consumo dos gaúchos.
A consistência desta recuperação puxada pelo comércio e o consumo dos gaúchos se mostra com uma tendência sustentável. Em agosto, a inflação em Porto Alegre se mostrou mais moderada do que no Brasil, com o IPCA de 2,46% e de 2.85% respectivamente. Pesam mais nas contas dos gaúchos alimentação e bebidas, além de transportes, na casa dos 21% do índice, habitação segue com valor considerável no orçamento, pesando 14% na formação do índice, seguido de saúde e cuidados pessoais, com 13%. A inadimplência no Rio Grande do Sul recuou 6,53%, enquanto na Região Sul o recuo foi de 4,91% e no Brasil, de 1,17%.
Otimismo
Pela primeira vez desde a tragédia de maio, o mercado de trabalho gaúcho fechou o mês de julho com saldo positivo, consolidando tendência observada em junho, mas à época, ainda com saldo negativo. Desta vez, o saldo geral de empregos, conforme o Caged, chegou a 10.413 vagas em julho. Considerando somente o comércio, o saldo foi de 2.461 vagas. Enquanto em junho o setor havia contratado 28,5 mil pessoas, em julho, foram 33,7 mil admissões, ou 18,2% a mais. “Os indicadores que nós temos no momento mostram que estamos em um cenário de ascendência. Nossa prospecção para o segundo semestre e, principalmente, para o final do ano, é positiva no que tange atividade econômica, e os números positivos de emprego refletem isso porque são indicadores de uma economia mais robusta, em movimento. Temos até uma expectativa promissora para o final de ano, com crescimento talvez acima da média nacional”, pondera o presidente da Federação Varejista, Ivonei Pioner.
A consistência na recuperação econômica do Rio Grande do Sul, no entanto, ainda exige atenção e aumento da necessidade de ações de incentivo no pós-catástrofe para acelerar o setor de serviços, que seguiu em baixa de-6,2% em julho, enquanto no Brasil houve alta de 1,8%. Na indústria, há maior estabilidade, com variação levemente positiva de 0,4% no Estado e de 3,2% no Brasil.
Inadimplência
Embora otimista com a situação e também com a movimentação em torno do Dia das Crianças, data que deve representar 7% de crescimento em relação ao ano passado, principalmente a partir da busca por brinquedos e eletrônicos, Pioner faz uma ressalva quanto o aumento na inadimplência. “Estamos preocupados com o aumento do endividamento e a perda do poder de consumo das famílias devido ao emprego de grandes quantias de dinheiro no mercado de jogos de azar e de apostas online”, diz Pioner.
De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), atualmente há mais de 67 milhões de consumidores brasileiros nos cadastros de devedores. No Rio Grande do Sul, conforme o Panorama, o número de inadimplentes no mês de agosto foi 6,53% inferior se comparado ao mesmo período do ano passado. A queda foi maior do que a média da região Sul (-4,91%) e também maior que a média nacional (-1,17%). O tempo médio de atraso dos devedores no estado é de 27,2 meses, e cada consumidor inadimplente gaúcho devia, em média, R$ 4.275,87 em dívidas em agosto.