Panorama divulgado pela Federação Varejista do RS mostra que setor vinha registrando crescimento
A catástrofe provocada pelas cheias no Rio Grande do Sul atingiu o varejo gaúcho justamente em um momento de crescimento e consolidação. É o que aponta o Panorama do Comércio do RS, organizado pela Federação Varejista do RS, baseado nos dados do varejo de março, no Rio Grande do Sul e no Brasil. E pelo terceiro mês consecutivo, o setor mostrou números mais positivos do que o restante do país. Em relação a fevereiro, houve crescimento de 2,1% nas vendas do varejo gaúcho, enquanto no Brasil, não houve variação. E, no levantamento anual, os números gaúchos mostraram crescimento de 7,1% em relação a março de 2023. No Brasil, o crescimento foi de 5,9%.
Os números positivos também são percebidos no mercado de trabalho. Dados do Caged apontam um saldo positivo de 10.490 vagas no Rio Grande do Sul em março. Somente no comércio, o saldo positivo foi de 4.375 vagas.
Assim como nos meses anteriores, a economia doméstica, com o consumo especialmente de produtos essenciais, puxou o momento positivo. Para que se tenha uma ideia, quando considerado o varejo ampliado, os setores de hipermercados e supermercados (15,2%) de atacadistas de alimentação e bebida (14,1%) apresentaram os maiores índices percentuais de crescimento nas vendas em relação a março do ano passado. E, em março deste ano, houve destaque ainda para a comercialização de materiais de escritório, chegando a 13,1% de crescimento, enquanto o número no Brasil foi negativo, de -0,3%.
O setor de produtos médicos e farmacêuticos também apresentou variação positiva acima dos 10%. Por outro lado, o Rio Grande do Sul acentua ainda mais a dificuldade no setor de jornais, livros, revistas e papelarias, com variação negativa, de -13,9%. A variação nacional também foi negativa, mas menos impactante (-9,4%).
Mesmo que o varejo avançado demonstre fortalecimento neste período, o levantamento também apontou preocupação, especialmente no que diz respeito aos impactos possíveis da inflação sobre o poder de compra da população. Em relação aos combustíveis e lubrificantes, por exemplo, o consumo foi negativo, de -5,2%, no Rio Grande do Sul em março, em relação ao mesmo período do ano passado. Índice mais negativo do que no Brasil, que foi de -1,6%.
Para que se tenha uma ideia, os transportes, que incluem custos com combustíveis, e alimentos representam 42% do peso da inflação ao consumidor gaúcho. A Federação Varejista alerta para as consequências da logística mais cara sobre os preços, especialmente, da cesta básica nos meses seguintes.